APRESENTAÇÃO

 

Acredito ser melhor deixar que os próprios autores falarem:

Luciana Salazar Salgado: “Ao apresentar uma nova topografia discursiva, Brasil de Fato atribui ao MST um lugar – inequivocamente importante, mas parte importante de uma luta que é de todo brasileiro que se vê como nação – e se insere num certo espaço discursivo, recolocando uma velha questão.”

Rosimeire Aparecida de Almeida: “Desta forma, o assentamento vai sendo concebido a partir da sua apropriação, que espelha a unidade construída a partir da identidade de luta, das diversas lutas de seus agentes, uma unidade que visa proteger os de “dentro” pela  distinção dos de “fora”, mais especificamente daqueles que se opõem ao mundo camponês.”

Andréia Cassiotorre: “O tema da resistência versus passividade configura-se pelos nomes de heróis do passado como “Zumbi” dos Palmares, “Marçal”, Proãno”, “índios”, “negros”, “populares” e por aqueles (MST) que hoje continuam a resistência. Diferentemente de uma certa História que, até bem pouco tempo, colocava o sujeito índio e negro como passivo, inocente primitivo, o discurso do MST figurativiza-o como verdadeiro sujeito que foi capaz de projetos de reação e reagiu contra os colonizadores.”

Maria Celma Borges: “A nossa América Latina é trágica, mas é, ao mesmo tempo, divertida. É preciso compreender esta nossa contradição. Sem compreendê-la não se compreende nada, pois não se pode chorar todo o tempo. Às vezes é preciso rir. É preciso rir do inimigo e do que dele ficou dentro de nós. Por isso, é preciso rir também de nossas próprias debilidades, dos nossos enganos, das nossas vitórias quase nunca definitivas.”        

Marlon Leal Rodrigues: “A posição do MST na modernidade se configura em dupla face: se de um lado o seu investimento ideológico pode ser um problema pensando em termos de modernidade, de outro lado ele é uma denúncia da própria modernidade.”

Tânia Paula da Silva: “A classe-que-vive-do-trabalho encontra nos movimentos sociais e na luta pela terra, uma forma de se inserir na sociedade e no mundo do trabalho em condições mais dignas. Assim, através da luta de classes noutro tempo e espaço eles tentam dar um novo sentido ao trabalho e a suas vidas.”

Marlon Leal Rodrigues

Alto Araguaia-MT, maio de 2006.