APRESENTAÇÃO

 

Acredito ser melhor deixar que os próprios autores falem sobre suas reflexões:

 Marlon Leal Rodrigues: “A discussão em torno dos sentidos das cotas, “legal ou ilegal”, no âmbito do judiciário, tem ainda, entre outros, o efeito de esquivar-se da discussão político-histórica, de não deixar emergir toda uma gama de vozes pelos séculos de escravidão e não escravidão, pois, um dos aspectos do discurso legal é a sua suposta objetividade e o enfoque contemporâneo, assim, a discussão no judiciário tende a ser focada apenas em um dos aspectos do tempo presente, a partir da posição do sujeito. O foco do discurso legalista – apesar de constituir um espaço restrito - não deixa ou evita emergir (por completo) toda uma memória discursiva de reparações históricas, já presente no discurso de Joaquim Nabuco por volta da Lei Áurea, quando ele defendia que não bastava libertar os escravos; era preciso criar mecanismos de reparação histórica para garantir igualdade e condições. Pode-se considerar que se tem uma memória político-cultural-histórica – espaço de instabilidade, de junções e disjunções – em uma demanda de sentidos pressionados e pressionando o espaço jurídico – espaços da estabilidade.”

Antonio Rodrigues Belon: “Torna-se fácil pensar que em Meu Tio Roseno, a cavalo, a narrativa acaba criando um mundo mágico e simbólico. Desde o seu começo, quando se conta que Roseno montou o cavalo Brioso para realizar uma viagem em menos de sete dias para Ribeirão do Pinhal.Nas fronteiras da lírica, as repetições e os contrastes na linguagem, fazem emergir  o poético. Mas no eixo narrativo de Meu tio Roseno, a cavalo, o processamento poético é clítico.” 

Maria Madalena da Silva Lebrão: “Por ser um país multilingüe, uma vasta gama dialetal entre os seus falantes fora gerada. Essa realidade é vivida também em outros países que enfrentam a mesma situação, como é o caso do Paraguai aqui na América. Trudgill (1995: 109) aponta um fato como esse como a primeira probabilidade para justificar a questão da complexidade sociolingüística vivida por países assim.”

Wedencley Alves Santana: “Mesmo os jornalistas alternativos (em relação a quê?) só o foram graças àquilo que a eles serve de referência: a conduta e a escrita objetivas. Mesmo o que se designou de new journalism só fora “neo” diante de uma tradição objetivista. Também os jornais que menos primaram pela “objetividade” foram analisados em termos de desvio. O humor e a polêmica, as metáforas (literárias) e as próprias “verdades religiosas” (referência comum num jornalismo anterior) tiveram que recuar ante os exércitos que transformaram um tema – “a objetividade” – em um fato. Em diálogo, às vezes manifesto, às vezes velado, com os discursos positivistas (e, não críticos) das ciências deste século, o jornalismo objetivista retirou sua luz e sua sombra, e se constitui hoje como um campo gerador de conhecimento.” 

Simone Cristina Spironelli: “É o que pode ser observado nas obras de Manoel de Barros, poeta sul-mato-grossense que, desde os anos trinta, vem publicando seus livros e neles fazendo um grande e incansável trabalho com o código lingüístico. Originalidade e inovação são características marcantes desse poeta. Como numa brincadeira de criança, o poeta cria e transforma a linguagem, dando realce e tornando “ mágicos os seus versos. Dessa forma, a linguagem poética do autor torna-se atraente e fascina a cada nova descoberta.

 

 

 

Marlon Leal Rodrigues