APRESENTAÇÃO

 

A organização do número 09 da Revista Avepalavra possui alguns significados importantes para mim, primeiro por ser último número que organizo uma vez que pertenço já à outra instituição – UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Câmpus de Nova Andradina; segundo por ter merecido a confiança primeiramente da profa. Valéria Faria Cardoso e posteriormente do prof. Milton Chicalé Correia; e por último por ter organizado este número da Revista em parceria com a profa. Edileuza Gimenes Moralis, grande incentivadora.

Não poderia deixar de citar também os colegas e os amigos da UNEMAT de Alto Araguaia e de outros Câmpus que contribuíram com a realização da Revista em seus diversos momentos: profa. Edileuza Gimenes Moralis (no. 02 e 09 em que contribuiu com uma “Homenagem ao Prof. Milton Chicalé Correia”, um artigo individual e um outro artigo em co-autoria com a prof. Geiza da Silva Gimenes Gomes (UFMS); prof. Toni Amorim de Oliveira do curso de Licenciatura em Computação (no. 02, 08 (em co-autoria com o prof. Marcelo Barcelos Rodrigues) e 09); profa. Liliane Batista Barros (no. 04, 06, 07 e 08), convém ressaltar que a professora depois se efetivou na Universidade Federal do Pará; profa. Rosimar Regina Rodrigues de Oliveira (no. 06); profa. Valéria Faria Cardoso (no. 09); prof. José Leonildo de Lima (no. 09); prof. Lauro José da Cunha (no. 09); e o prof. Paulo Cesar Tafarello (n. 09) que contribuiu também para a confecção artística das capas de no. 02, 03, 04 e 05 da Revista.

É significativo lembrar que entregar um trabalho para publicação em uma Revista ainda não indexeda (no. 02/2000) envolve uma série de fatores entre os quais cumpre citar a confiança e a seriedade com que será tratada a propriedade intelectual dos autores. A bem da verdade, pelo potencial intelectual e pelo potencial qualificativo dos professores, a partir daquele momento (no. 02), a participação e a contribuição à Revista poderiam ter sido bem mais significativas, se for possível considerar que a participação e contribuição à Revista ainda possui algum aspecto de compromisso com a pesquisa, com os projetos do Câmpus e com a própria Instituição, os professores que se dispôs a participar, de alguma forma se inscreveram nesses espaços da pesquisa, do projeto do Câmpus e do compromisso com a Instituição.

A Revista não teria chegado ao número 09 se não fosse o empenho do Coordenador Regional do Câmpus de Alto Araguaia. Estou me referindo ao prof. Milton Chicalé, pois, foi a pessoa que mais acreditou na Revista Avepalavra, se considerar que ele não é necessariamente da área de Letras, poderia dar preferências a outros Projetos no Câmpus de maior alcance, no entanto, deu continuidade ao Projeto da Revista apesar das minhas deficiências, pois acredito ele as compreendia como etapa de maturação. Nem mesmo as críticas vindas de vários lugares não fizeram o prof. Chicalé desistir do Projeto, como é comum nesses casos.

De um outro lado, tenho a convicção que os professores da área de Letras deveriam ter se comprometido, fato que não aconteceu – salvo raras exceções já citadas.

Este último número [09] feito em parceria com a profa. Edileuza, como citei anteriormente, pode representar um momento importante uma vez que ao assumir a coordenação da Revista no primeiro semestre de 2000, por indicação e por confiança da amiga e profa. Valéria Faria Cardoso, então Chefe do Departamento de Letras, assumi inclusive o compromisso da levar adiante a Revista que havia apenas um número (1. Semestre de 1999), ela ainda nem sequer aparecia no sistema de qualificação de revistas e periódicos acadêmicos – Qualis Capes. A Revista possui hoje duas pontuações: “BOM” e “REGIONAL” (outubro de 2005). Pode parecer pouco depois de oito edições, mas muitas revistas e alguns periódicos “tradicionais” de programa de pós-graduação e de departamentos Letras ainda não atingiram a mesma qualificação que a Avepalavra possui.

A próxima etapa, a partir do número dez, sem dúvida é a de atingir uma qualificação superior que representa o esforço, o empenho e a confiança dos organizadores, dos consultores, dos professores e dos pesquisadores, principalmente, que submeteram seus artigos, suas resenhas, seus resumos de dissertação e de tese para avaliação e possível publicação, todos eles contribuíram significativamente para divulgação científica, do Câmpus de Alto Araguaia da UNEMAT como Projeto que somente uma instituição pública pode realizar como um compromisso e ao mesmo tempo como uma devolução ou retorno dos investimentos públicos.

Mas para tal fato é preciso ter um fiador, um idealizador, alguém que acredite no Projeto. Esse alguém foi vital para a Revista que levou o nome da UNEMAT de Alto Araguaia para vários cantos do país, esse alguém se chama Prof. Milton Chicalé Correia. A Ele, meu muito obrigado pela confiança e pela oportunidade de organizar a Revista Avepalavra.

 

Em relação à apresentação dos artigos, creio ser importante dar voz neste espaço aos próprios autores.

A primeira voz a se pronunciar é a da profa. EDILEUZA GIMENES MORALIS que presta uma “Homenagem ao Prof. Milton Chicalé Correira”: “Falar de um homem e parte de sua historia é tarefa que empreendemos a partir de nossos valores e subjetividades. Mas, gosto de lembrar Paul Veyne que diz: ''que a historia fala do que nunca se verá duas vezes... que o homem se compreende e não se explica'' (pag 09). (...) Como professor registrou páginas de competência, de amizades e boas lembranças; como candidato à coordenação regional deixou-nos a lição de que o respeito ao adversário devia ser a meta condutora da campanha para se saborear a vitória com justiça; como coordenador deixa sua contribuição em projetos acadêmicos, administrativos e políticos e inscreve o seu nome MILTON CHICALE CORREIA como: ser humano de presença forte que sempre soube serenar para ouvir, ser humilde para receber, sorrir para amparar, chorar para provar ser amigo.”

A professora VALÉRIA FARIA CARDOSO em seu artigo sobre “Marcadores de Pessoa e, Kaiowá/Guarani” descreve alguns “aspectos da morfossintaxe verbal considerando, basicamente, os tipos verbais: transitivo, intransitivo e descritivo, analisando as categorias marcadoras de pessoa que marcam os participantes de verbos independentes. (...) A língua Kaiowá/Guarani (K/G) pertence ao subgrupo I da família Tupi-Guarani, juntamente com as línguas: Mbyá Guarani, Guarani Antigo, Xetá, Guarani do Paraguai, Guayabí, Tapieté, Chiriguano e Izocenõ (Rodrigues, 1985). Dentre os vários processos morfossintáticos relacionados aos verbos da língua K/G, trataremos exclusivamente de três: 1º) da descrição das categorias de pessoa que marcam os participantes entre três tipos verbais: os transitivos, os intransitivos e os descritivos; 2º) da hierarquia de referência entre os participantes dos verbos transitivos; e 3º) do comportamento das regras de co-referência cruzada. A língua K/G, morfologicamente, flexiona o verbo por meio de prefixos marcadores de pessoa. O verbo, sintaticamente, funciona como núcleo da sentença e pode ser seu único constituinte. Os verbos transitivos possuem, prototipicamente, dois argumentos e os intransitivos e os descritivos apenas um argumento.”

O professor JOSÉ LEONILDO DE LIMA analisa a “A Morfossintaxe do Gênero no Falar Cuiabano”: “O falar cuiabano, atualmente, está passando por algumas mudanças. Esse texto traz, de forma ainda incipiente, algumas caracterizações acerca das variações lingüísticas que marcam essa comunidade. Assim, as discussões aqui apresentadas apontam para um projeto que se pretende desenvolver com a finalidade de fazer uma descrição dialetal do falar cuiabano.”

O professor MARLON LEAL RODRIGUES em seu texto “Ofayé: Língua, Cultura e História” aborda alguns aspectos elementares dos poucos e incipentes trabalhos desenvolvidos junto a comunidade indígena: “Os Ofayé resistem. Embora em número muito reduzido e tendo que se casar com membros de outras etnias, como é o caso mais recente do jovem cacique Coi que se casou como uma índia Kaiowá-Guarani. Os poucos sobreviventes ainda resistem pacificamente como sempre o fizeram, aliás, o nome Ofayé designa povo do mel. Eles foram dados como extintos por vários pesquisadores, como o antropólogo Darcy Ribeiro, por exemplo, no entanto foi a lingüista Sara Gudschinsky, em 1958, quem fez uma descrição significativa da língua, a mais detalhada que se tem; e Marcos Terena, em 1992, de alguma forma, também concebe a extinção dos Ofayé quando não os inclui em seu livro. Em 1993, alguns textos ainda inéditos de Nimuendajú, sobre os Ofayé, foram organizados em uma coletânea de Marco A. Gonçalves pela editora da UNICAMP.

O professor LAURO JOSÉ DA CUNHA analise os “Efeitos do Não-Verbal Sobre o Verbal na Constituição de Efeitos de Sentidos de Propagandas Antitabagistas do Ministério da Saúde”: “Para o publicitário Martins (2002, p. 128-132), na batalha ‘Propaganda de cigarros’ versus ‘Propaganda contra cigarros’ (grifo nosso), a primeira tem ampla vantagem em relação à segunda, tendo em vista que o Ministério da Saúde enfoca em sua campanha antitabagista, como se observa pelas advertências acima, os malefícios de fumar, quando o foco deveria ser nos benefícios de não fumar. Embora reconheça os propósitos louváveis e uma execução técnica muitas vezes impecável da comunicação do governo, ele a considera, todavia, essencialmente errada. Diz que os publicitários que fazem anúncios assim – e o ministro que, em última instância, os aprova – deveriam lembrar de que seria muito mais eficaz vender os benefícios de não fumar do que os malefícios do cigarro. Depreende-se, da leitura de seu artigo “Cigarros: na comunicação, o Ministério da Saúde perde”, que o que é determinante de sentidos no processo de comunicação não é o que se diz, mas os efeitos de sentidos que se criam como resultado da manipulação de componentes verbais e não-verbais na composição do discurso publicitário.”

A professora VÂNIA MARIA LESCANO GUERRA discuti a “Representação Feminina e Mídia”: O objetivo deste artigo é mostrar, por meio de análise discursiva, que as revistas femininas, sendo um poderoso veículo de convencimento ideológico, fazem parte da construção da identidade feminina. Para alcançar essa proposta, analisamos artigos de Nova e Cláudia, seguindo as teorias da Análise do Discurso, de linha francesa, que exploram não somente o texto mas as práticas discursiva, histórica e social envolvidas no acontecimento discursivo. Além de mostrarmos como as revistas femininas reforçam estereótipos de gênero, a análise objetiva contribuir para o debate das regras do homem e da mulher na sociedade, e para alertar as pessoas do poder do discurso midiático, na construção das relações e das posições sociais.”

A professora CELINA APARECIDA GARCIA DE SOUZA NASICMENTO analisa “A Aula de Leitura: Estratégia em Busca de uma Prática Discursiva”: “os procedimentos pedagógicos do professor de Língua Portuguesa nas aulas de leitura do ensino fundamental em uma escola pública. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho observacional em que utilizamos como metodologia a aplicação de questionários e entrevistas. Ainda, gravações in loco e observações de campo, que confrontam o discurso do professor com sua prática. Os dados evidenciam uma incoerência ao confrontarmos discurso e prática do professor e verifica-se uma concentração de prática de escrita e de tópicos gramaticais em detrimento de aulas de leitura. A partir de teorias da Lingüística Aplica, a pesquisa direcionou-se para a fase de intervenção, em que o professor passou a ter contato com essas teorias para que repensasse sua prática a fim de que realizasse aulas de leitura. Detectamos, após a intervenção, um feed back do professor ao analisarmos os seus procedimentos, revelando assim, uma nova postura.”

As professoras. EDILEUZA GIMENES MORALIS e GEIZA DA SILVA GOMES discutem “Qual a relação da Gramatização Brasileira com Relação à História da Gramática?”: “O que procuraremos responder simploriamente neste texto tem seu lugar garantido nos trabalhos de pesquisas de estudiosos que fazem parte do projeto História das Teorias Lingüísticas, coordenado pelo Prof. Dr. Sylvain Auroux na França e pela Professora Drª. Eni Orlandi no Brasil. Sendo a gramatizacão objeto desse trabalho, tentaremos responder a pergunta “Qual a relação do processo de gramatização com relação à história da gramática?” A nossa gramática tradicional, normativa é a remanescência da gramática helenística. Na Grécia Antiga, o pensamento teórico e a vivência intuitiva da língua, propiciaram a instituição de tal gramática, reflexo da teorização do pensamento helênico.”

Já a professora GEIZA DA SILVA GIMENES GOMES coloca em questão os atos de “Ler e Escrever: Os diferentes caminhos de um compromisso de todos”: “O presente artigo é um resumo do projeto de iniciação científica desenvolvido com alguns alunos do 1º A e B do Curso de Letras da UNIR/FAIR, no ano de 2003. Trata-se de uma reflexão sobre a prática da leitura e da escrita como responsabilidade de profissionais das mais diversas áreas de ensino, não somente do professor de língua portuguesa.”

O professor PAULO CESAR TAFARELLO aborda em seu artigo “A Constituição da figura de Pedro Archanjo em Tenda do Milagres de Jorge Amado”: “A leitura de uma obra de Jorge Amado abre àquele que se aventura por seus caminhos uma porta... uma porta que leva a um universo amado por uns, criticado por outros, mas nunca a um espaço vazio de paixão e misticismo, onde muitas vezes, o fantástico mistura-se ao realismo presente e a sensualidade exposta de seu conjunto ficcional. Desvelar as trilhas desse universo pode parecer, a primeira vista, objeto de fácil estudo, principalmente àqueles que se limitam a aceitar as inúmeras críticas que o circundam, mostrando um autor que limita-se ao descricionismo e a criação de “estereótipos racistas”, onde o negro, segundo Brookshaw (1983, p,122), nunca é descrito por Jorge Amado como um ser normal. Se o fosse, presumivelmente, deixaria de ser negro.

O professor TONI AMORIM DE OLIVEIRA discute “A Informática e a educação matemática: como ensinar utilizando o computador”: “Não podemos negar que desde o surgimento do computador na década de 40, este tem provocado mudanças significativas nas diferentes áreas da sociedade. Esse processo de expansão da informática é definida por Oliveira (2002) como a  “Era da Informação ou Sociedade do Conhecimento”, na qual se apresentam como dominantes aqueles que detêm a distribuição da informação e as tecnologias de telecomunicações, informática e equipamentos eletrônicos. Vivemos atualmente em um mundo globalizado onde as transformações ocorrem muito rapidamente, fazendo com que a tecnologia desenvolvida hoje seja considerada ultrapassada em um curto espaço de tempo, prova disso, é que se analisarmos a evolução dos computadores como descreve Veloso (2000) perceberemos um curto espaço de tempo entre as chamadas gerações dos computadores, definidas pelo autor num total de 4 etapas, distintas.”

Marlon Leal Rodrigues

Alto Araguaia-MT, maio de 2006.