Apresentação

 

APRESENTAÇÃO

 

Temos a satisfação de oferecer para o debate e divulgação a Edição nº 12 da Revista Avepalavra, que vem para atender a demanda de algumas pesquisas ao apresentar resultados finais ou parciais seja dos Estudos Linguísticos e Estudos Literários. A marca dessa edição no que se refere às temáticas abordadas é a diversidade. É nesse sentido que apresentamos os seguintes artigos dando a palavra aos próprios autores.

 

Cassia Regina TOMANIN (UNEMAT – A. Araguaia) apresenta o texto Português Brasileiro: Unificado e Conservador ou Diversificado e Inovador? que “pretende retomar a discussão sobre as características do português falado no Brasil. Há basicamente dois blocos de adjetivos para caracterizar esta língua; de um lado há estudiosos defendem que este português é bastante conservador e unificado; de outro há os que têm convicção de que se produziu no Brasil um português inovador e bastante diversificado. Por meio da descrição de alguns fenômenos linguísticos registrados no município de Alto Araguaia-MT e de sua comparação com os mesmos fenômenos ocorridos em outras localidades, sustenta-se a ideia de que o português brasileiro é bastante conservador, mas não tão unificado. Assim, é proposta aqui a dissociação dos termos conservação/unidade e inovação/diversidade.”

 

Com o texto Sentimentos universais em Gota d’água Eduardo Pereira Machado (Universidade de Coimbra) “analisa a obra Gota d’água, de Chico Buarque e Paulo Pontes (2008), sob os aspectos da teoria de Aristóteles (2002). Para tanto, conceituamos tragédia, assim como os elementos do trágico – desmedida, peripécia, reconhecimento e catarse. Dessa forma, aplicamos as teorias na obra em estudo. Ao mesmo tempo, realizamos uma releitura comentada do texto buarquiano.”

 

Em Segregação e Resistência: Um olhar discursivo sobre alunos indígenas de Dourados/MS, Margarida Xisto da Soares Soares (UFMS/ CPTL) estuda o processo identitário de alunos indígenas aldeados, que estudam em escola indígena de Dourados/MS. Visa-se analisar os discursos presentes em questionários respondidos por educadores e em textos escritos por alunos indígenas do Ensino Fundamental, sobre questões ligadas aos estereótipos sociais e históricos que esses indígenas vivenciam na sala de aula. O estudo, a partir da materialidade linguística, via processo de referenciação, das diferentes vozes, das formações discursivas, das marcas de subjetividade que constituem a memória discursiva dos sujeitos alunos indígenas e sua (des) identificação aponta para uma relação preconceituosa e de segregação por parte do não índio e até mesmo deste de si. Postula-se que a presença de marcas de discriminação social nos dizeres desses sujeitos integra o processo identificatório desses povos indígenas, no bojo de um contexto sócio-histórico repleto de conflitos e contradições.”

 

Marlei Aparecida Lazarin Assoni e Eliane Maria de Oliveira Giacon (UEMS – Nova Andradina – MS) no artigo Ser Ubaldo, ser conto, ser cinema observam “As diferentes manifestações artísticas se cruzam sob olhares de leitores, cujos meios de comunicação da arte ubaldiana atinge pessoas, que assistem ao filme Deus é brasileiro de Cacá Diegues, muitas vezes sem saber, que o autor da obra que o inspirou e do seriado Faça a sua história da Globo são a mesma pessoa: o velho baiano João Ubaldo Ribeiro, cuja obra semelhante a um junco balança de um lado para o outro, se encaixando no gosto nacional. Logo a leitura do filme e do conto “O santo que não acreditava em Deus”, passa pela questão do espaço, que figura como elemento de demarcação do movimento dos personagens, pois Deus viaja, a fim de encontrar o único que poderia ocupar o seu lugar.”

 

Em Mito e História encenados no “Navio Negreiro” Bárbara Del Rio Araújo (PÓS-LIT UFMG) apresenta umestudo do poema “O Navio Negreiro” de Castro Alves, para além do enfoque histórico e ideológico que comumente lhe é atribuído no âmbito da crítica literária. Embora, seja muito elucidado o aspecto histórico-social de sua composição, o poema pode apresentar também aspectos da mitologia cristã como elemento estruturador, propiciando um diálogo entre a Literatura, História e Mitologia na sua formação lírica.”

 

Denise Kasiorowski Bachega e Daniel Abrão (UEMS/CG) com o artigo Carlito Azevedo: uma aquarela poética apresentam um estudo de “algumas questões da poesia brasileira contemporânea anunciada após o processo de exaustão das vanguardas e da contracultura. A poesia contemporânea é uma espécie de mescla, pois não se consolida como um movimento homogêneo e também não rompe totalmente com as poéticas anteriores a ela.”

 

Em A(s) Máquina(s) do(s) Mundo(s): releitura e intertexto entre Dante, Camões, Drummond e Haroldo de Campos, Pedro Leites Junior (UNIOESTE) “propõe um estudo comparativo que evidencie com que nuances se dão as relações intertextuais entre a Commedia, de Dante, Os Lusíadas, de Camões, A Máquina do Mundo, de Drummond e a Máquina do Mundo Repensada, de Haroldo de Campos, no que diz respeito ao trato de uma cosmogonia eliciada a partir do conceito de “Máquina do Mundo”.

 

Elza Sabino da Silva Bueno (UEMS – CG) com o trabalho O falar do homem pantaneiro: um olhar sociolinguístico “objetiva identificar, descrever e analisar as variações linguísticas usadas pelo homem pantaneiro, no sentido de traçar o perfil linguístico desse falante. Assim, para a constituição do material linguístico que compõe o corpus a ser analisado, entrevistamos doze informantes homens e mulheres distribuídos por duas faixas etárias distintas que compreendem de cinquenta a setenta anos e falantes com idade acima de setenta e um anos, sem limite definido, neste sentido tivemos informantes com até mais de oitenta e cinco anos de idade, analfabetos ou alfabetizados, que cursaram até o 4º ano primário.”

 

Já o texto Tradição e inovação no romance de 30: uma perspectiva dialógica em A Bagaceira, de José Américo de Almeida de Rosidelma Pereira Fraga (Universidade Federal de Goiás) tem como objetivo fulcral examinar o romance A bagaceira, de José Américo de Almeida (1972), à luz de discussões críticas acerca dos fundamentos do regionalismo brasileiro e ainda numa perspectiva dialógica, baseando-se nos conceitos de Mikhail Bakhtin (1988). Sob esse prisma, a espinha dorsal é refletir sobre o tema “tradição, e inovação no romance de 30”, bem como na especificidade da linguagem literária, investigando, por excelência, o processo simbólico e poético na seleção dos nomes da personagem de ficção.”

 

Em Conceito de utilitarismo no conto Bituca da obra Estação Primeira de Ricardo Ramos, Olívia Aparecida Gomes França (UNEMAT – A. Araguaia e Aroldo José Abreu Pinto (UNEMAT- A. Araguaia / CEPAIA / UNESP – Assis), partem da “da premissa de que o modo de escrita de Ricardo Ramos poderia causar algumas dificuldades de compreensão – uma vez que foi escrito inicialmente para o público adulto -, mas que no decorrer do conto o autor não se utilizaria de um “discurso utilitário”. Desse modo, faremos um apanhado do conceito de “discurso utilitário” e aplicaremos ao conto de Ricardo Ramos para validar ou não as nossas reflexões.”

 

Com o texto Vence, Vence Santos Bezerra, Gerson Márcio da Silva (UEMS – NA) e Eliane Maria de Oliveira Giacon (UEMS-NA) apresentam um trabalho que parte do princípio de “que o livro “Vencecavalo e outro povo”  traz em seus contos um retrato social e histórico do Brasil, buscou através das ações dos personagens fazer uma análise entre ficção e realidade, tendo como base o período que antecede a obra entre a década de sessenta e setenta, podendo ir além das décadas discriminadas devido os assuntos abordados  principalmente em questão a administração governamental serem temas também de um passado mais recente.” 

 

Maricélia Nunes dos Santos (UNIOESTE) no artigo Aulularia, de Plauto, e o Santo e a Porca, de Ariano Suassuna – aproximações e distanciamentos na constituição do cômico, partindo de considerações de Bakhtin apresenta uma “análise da obra O santo e a porca (1979), do dramaturgo nordestino Ariano Suassuna, de forma a comparar os procedimentos adotados pelo escritor brasileiro do  século XX com a obra plautina Aulularia, escrita no século II a.C. Nosso propósito é investigar se há a manutenção da ambivalência cômica em sua peça, bem como em que medida são mantidos os procedimentos adotados por Plauto na produção do elemento cômico e em que aspectos o autor se distancia da comédia romana. Além do já  mencionado Bakhtin, valer-nos-emos de outros teóricos que tratam de questões relativas ao cômico, tais como Bergson (1980) e Propp (1992).”

 

O artigo Segregação e resistência: um olhar discursivo sobre alunos indígenas de Dourados/MS de Margarida Xisto da Soares Soares (UFMS/ CPTL) “estuda o processo identitário de alunos indígenas aldeados, que estudam em escola indígena de Dourados/MS. Visa-se analisar os discursos presentes em questionários respondidos por educadores e em textos escritos por alunos indígenas do Ensino Fundamental, sobre questões ligadas aos estereótipos sociais e históricos que esses indígenas vivenciam na sala de aula.”

 

Eliane Maria Giacon no texto A identidade em jogo ao analisar questões ligadas a identidade nacional afirma que esta “antes de estar associada a uma atitude, a uma preferência, a um momento histórico, a uma raça ou até mesmo a confluência alguns fatores que faz com que um grupo de pessoas adote um mesmo território, onde possam viver e desenvolver-se, é uma forma discursiva produzida em determinado contexto histórico.”

 

No artigo A representação do negro no discurso midiático sobre as cotas, Marilza Nunes de Araújo Nascimento apresenta uma análise de “como a mídia Revista Veja representa o negro a partir do discurso sobre a Política de Ação Afirmativa-Cotas para inserção do afrodescendente nas universidades públicas do país. Entendemos que a discursivização midiática sobre as cotas pode representar e reproduzir sentidos negativos ou positivos, uma vez que o sentido discursivo é produzido a partir de outros sentidos já inscritos historicamente na sociedade.”

 

Sandra Albano da Silva (UEMS – NA) e Alaíde Pereira Japecanga Aredes (UEMS – NA) no artigo intitulado Relação trabalho e escola nas sociedades neoliberais: um adentro em ideologias correlatas analisam “A relação entre escola e trabalho nas sociedades capitalistas e liberais é inerente, sempre esteve presente, principalmente porque se trata de uma instituição social criada nesse sistema político e econômico para sua sustentação, manutenção, desenvolvimento, equiparação. A escola existe e funciona em relação direta com as demandas políticas e econômicas e como decorrência, com as demandas sociais do mundo moderno, em sua totalidade. Essas demandas, em geral, dizem respeito ao trabalho em sua forma remunerada; é o modo de sobrevivência do indivíduo dentro das sociedades movidas pela relação de produção, compra e venda, onde o principal objeto – material e simbólico- é o dinheiro, representado pelo salário, lucro, acumulação de riquezas e bens.”

 

Assim, desejamos boa leitura!

 

Alto Araguaia-MT, Novembro de 2011.

 

Prof. Dr. Daniel Abrão

Prof. Msc. Paulo Cesar Tafarello