APRESENTAÇÃO

 

 

A Revista Avepalavra, na sua edição no. 20 apresenta como temática central o estudo e/ou o ensino do texto, oral ou escrito, em sala de aula, mas apresenta também outras questões de linguagem. Desse modo, apresenta diferentes reflexões sobre a diversidade de gêneros textuais, a importância da leitura e da produção de textos e ainda em relação ao sujeito, a história e a linguagem, o que pode ser observado na síntese de cada texto apresentada por seus autores, conforme segue:

 

            Em relação a O Ensino de Língua Portuguesa por meio da Produção Textual de Gêneros Escritos, Ana Paula Ramalho dos Santos, trata da importância do ensino de língua portuguesa ter como ponto de partida e ponto de chegada o texto, como proposto no PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) de Língua Portuguesa, uma vez que ninguém se comunica por meio de frases isoladas. Isso por considerar que neste início de século, com o acesso facilitado da internet e grande contato com materiais impressos diversos, estamos cada vez mais cercados de textos variados, aliás, é por meio destes que nos comunicamos utilizando-os tanto na modalidade escrita quanto na modalidade oral da língua.

 

Ao abordarem o Telejornal: uma Proposta de Produção de Textos Orais, as autoras Anny Michelly Brito e Berenice Alves da Silva Altafini apresentam uma sequência didática tomando como objeto de ensino-aprendizagem a produção do gênero textual telejornal. O objetivo deste é fazer com que o aluno amplie seu domínio discursivo por meio desse gênero textual. Para a elaboração da sequência de atividades propostas foram consideradas as contribuições teóricas de Luiz Antônio Marchuschi, João Wanderley Geraldi e Irandé Antunes, além dos Parâmetros Curriculares Nacionais utilizado como documento norteador.

 

Conforme Fabíola Anderson Torales saber se comunicar bem exige o domínio da língua nas modalidades oral e escrita e é papel da escola ensiná-las, no entanto, a oralidade é bastante desprestigiada em sala de aula e quando ela aparece, o seu uso se limita a conversas informais ou a leitura em voz alta. Desta forma, em O Texto Oral como Ferramenta Para um Ensino de Qualidade, a autora visa expor a importância do ensino da linguagem oral, sobretudo o ensino dos gêneros orais; apresentar algumas atividades em sala de aula que trabalhem de forma significativa esta modalidade da língua e, por fim, analisar a oralidade presente em um livro didático de língua portuguesa e de que maneira ela é explorada. Quanto ao embasamento teórico, apresenta a contribuição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e dos seguintes autores: SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (2004), MARCUSCHI, L. A. (2010), ELIAS, V. M. (2011), BELINTANE, C. (2013), dentre outros.

 

Ao tratar de Oralidade e Retextualização: Confrontando o Preconceito Racial a Partir Da Leitura de um Conto Etiológico, o artigo de Marlene Balbueno de Oliveira consiste em uma análise de um debate e da escrita – a retextualização - das opiniões defendidas sobre a temática do preconceito racial reconhecida a partir da leitura do conto etiológico ‘Porque o negro é preto’, colhido do folclore paraibano por Luís Câmara Cascudo. A atividade foi desenvolvida por estudantes do 6º ano do ensino fundamental de uma escola estadual do interior de Mato Grosso do Sul. A finalidade dessa análise é que, com os materiais selecionados da fala e da produção escrita dos estudantes, se registre uma experiência de ensino prática e proveitosa. A metodologia ocorrente retoma algumas falas marcantes dos estudantes manifestadas no debate e a escrita que sintetiza e ao mesmo tempo reformula e aprimora o que fora declarado, tendo como referências autores como A. Marcuschi, I. Antunes, L. Fávero, A. Kleiman, entre outros. Espera-se com este estudo que se fundamente uma proposta reflexiva que convalide os eixos linguísticos da atividade educativa proposta.

 

As autoras Ana Marlene de Souza Brito, Alline Olívia Flores Além, Mauren Vanessa, ao abordarem os Turnos Da Fala, procuraram observar: de que forma os diferentes teóricos têm apresentado sistematicamente os estudos relacionados a análise da conversa? O objetivo da investigação foi o de estudar os argumentos dos autores diante dessa realidade sobre o enfoque da Sociolinguística. Na investigação dessa temática, buscou-se compreender o debate e o posicionamento de cada um dos teóricos que versam sobre esse assunto, centrando especial atenção aos estudos que abordam sobre a fala cotidiana e não institucionalizada. O processo de investigação foi realizado por meio de coleta de dados abarcando os vários recursos, tais como revistas especializadas, livros, periódicos, partindo da perspectiva da pesquisa explicativa como meio de identificar os elementos que produziram ou que cooperaram para a realização da análise. O referencial teórico teve como foco a conversação e os turnos da fala. Apresentaram-se como base de atuação, autores como Marcuschi (2001), Rodrigues (1999), Galembeck (1999), Marega & Jung (2011).

 

Ao desenvolverem um artigo sobre O Trabalho com a Modalidade Oral em um Livro Didático de Língua Portuguesa, Adriana Marques Lopes Fagundes Rodrigues e Indianara Abreu Holsbach Nogueira comentam: pretendemos verificar como tem sido os encaminhamentos do trabalho com a oralidade no livro didático de Língua Portuguesa Jornadas.Port (7º ano) (DELMANTO; CARVALHO, 2012), e quais as implicações dessa abordagem no desenvolvimento das competências necessárias ao pleno uso da língua em diferentes situações comunicativas. Para isso, inicialmente, faremos um levantamento bibliográfico dos pressupostos teóricos acerca da oralidade e, em seguida, serão observadas e descritas todas as atividades de linguagem oral propostas no livro.  Por fim, serão apresentadas análises de duas atividades específicas, bem como as considerações finais. Inicialmente, apresentaremos os pressupostos teóricos das concepções de linguagem e oralidade de Geraldi (2006), Marcuschi (1997), Antunes (2007), Dionisio (2001), entre outros, além dos documentos oficiais como os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) no que diz respeito ao ensino da oralidade.

 

No artigo intitulado Oralidade e Escrita nas Aulas de Língua Portuguesa: uma Proposta de Atividades Práticas para o 9º Ano do Ensino Fundamental, Carlos Eduardo Pereira visa apresentar uma proposta didática de oralidade e escrita a ser posta em prática na etapa do 9º ano do Ensino Fundamental. Para tanto, antes de tudo fizemos considerações sobre as línguas oral e escrita; além do letramento. Assim, constatou-se que ambas têm seu valor em importância e não devem ser concebidas de forma segregada, uma vez que não formam um par dicotômico. Em seguida pusemos em relevo alguns aspectos teóricos sobre a sequência didática (doravante SD), bem como elaboramos dois desses instrumentos metodológicos com vistas à produção de texto dissertativo-argumentativo e debate regrado público. Disso se pôde depreender que a SD, além de propiciar a organização sistemática das atividades, possibilita o ensino de gêneros textuais da oralidade e da escrita de forma ordenada. Por fim, é dada a conhecer a proposição de atividades de feição prática, as quais envolvem música e produções textuais não só escritas, mas também dos domínios da oralidade. Isso com vistas a desenvolver a competência discursiva dos alunos, que necessitam ser motivados a escrever e a tomar a palavra em diferentes contextos de interação social pela linguagem. Com a exposição deste trabalho, esperamos contribuir para que haja uma reflexão quanto a possibilidades concretas para a abordagem adequada quer da oralidade, quer da escrita, em sala de aula. 

 

O artigo Álvaro Bomílcar, Muito Além do Almanack Corumbaense – Sobre Moças e Mulheres, de Eliane Santos Paulino, é um estudo de fragmentos do texto “A Utopia da Liberdade”, de Álvaro Bomílcar, publicado no Almanack Corumbaense (1898), cujo propósito é analisar as construções discursivas sustentadas por uma ideologia superior masculina em relação à mulher, comuns nas práticas socioculturais do século XIX.  A escolha da temática não é aleatória, ela se justifica pela importância de Álvaro Bomílcar na edição do citado Almanack e pela vasta produção no anuário, incluindo outras publicações cuja temática é a mulher. Desse modo, considerar o discurso de gênero implica, conforme o estudo exige, estabelecer relações envoltas na tríade: “sujeito, história e linguagem”.

 

            A autora, Maura Camargo Oliveira, ao apresentar o seu artigo Uma Leitura de los Cachorros, comenta que a obra literária possui sentidos e interpretações, que podem mudar conforme o olhar do pesquisador/crítico e suas particularidades, aludindo nesse momento, a vivência acadêmica do pesquisador e de sua filiação filosófica. Nesse olhar “particular” de cada estudioso é que um mesmo objeto pode ter interpretações, sentidos e enfoques distintos. O pesquisador pode analisar uma obra literária através das vertentes positivista, fenomenológica e marxista. Assim, este trabalho apresentará uma análise literária através da vertente fenomenológica. A obra analisada será Los Cachorros, publicada em 1967, de Mario Vargas Llosa.

 

            No texto em que analisam a variação linguística na Aldeia Cachoeirinha, Inézia e Nataniel apresentam um artigo cujo objetivo é contribuir com estudos sobre a variação da língua terena, falada no Estado de Mato Grosso do Sul (MS). No decorrer do tempo essa língua vem sofrendo grandes mudanças e variações linguísticas a partir das relações com a língua dominante, o português. Para entender o que está acontecendo, abordaremos como ocorrem as variações linguísticas na aldeia Cachoeirinha, município de Miranda-MS. Compreenderemos o processo de variação e mudança a partir das teorias desenvolvidas por estudiosos como Monteiro (2000) e Rodrigues (2002).

Desejamos a todos uma ótima leitura!

 

Alto Araguaia, MT, Julho de 2015

Marlon Leal Rodrigues

Rosimar Regina Rodrigues de Oliveira

Valter Souza da Silva

Elisangela Leal da Silva Amaral