APRESENTAÇÃO

Começamos esta edição com uma das perguntas que mexe com o pensamento dos linguistas: Quantos dizeres diferentes dão o sentido de conhecimento? O que se pode enunciar sobre cada temática? Que olhares podem ser lançados sobre aquilo que já foi dito por outros analistas, escritores, pensadores e mais e mais? Nesta edição temos a participação de artigos que apresentam a interpretação sobre temáticas que afetam a sociedade de maneira geral, mas que também impactam ao núcleo dos que são mais voltados para o letramento de forma constante.

Assim, segue os autores e seus reflexões:

 

Rosangela Vargas Cassola e Marlon Leal Rodrigues desenvolvem sua reflexão a partir da pergunta:

 

A proposta da pesquisa Cadê a Literatura que estava aqui? É analisar os sentidos provenientes dos discursos dos estudantes do terceiro ano do ensino médio acerca das modificações ocorridas nas disciplinas de Literatura e Língua Portuguesa. No que concerne aos objetivos específicos, podemos citar: I. Analisar os sentidos provenientes dos discursos dos estudantes do terceiro ano do ensino médio acerca da Língua Portuguesa no ensino médio. II. Analisar os sentidos provenientes dos discursos dos estudantes do terceiro ano do ensino médio acerca da extinção da Literatura da Matriz Curricular do Ensino Médio. Por meio da Análise de Discurso de linha francesa e através de autores como Pêcheux (1997a, 1997b, 1997c) e Orlandi (2004, 2005a, 2005b, 2007, 2012), partimos da compreensão de que o sujeito, perpassado pelo inconsciente, se constitui na e pela linguagem e assim realizamos a análise de discursos dos estudantes do terceiro ano do ensino médio e apresentamos os sentidos não explicitados nos discursos acerca das modificações ocorridas nas disciplinas de Literatura e Língua Portuguesa. Os dados veladamente registram um grito de socorro dos estudantes do terceiro ano do ensino médio, no tocante ao ensino que estão sendo submetidos.

 

Maíra Brás Costa  e Sergio José Terlizzi abordam nesse artigo aspectos do gênero ficção científica  na obra La invención de Morel  do escritor argentino Adolfo Bioy Casares:

 

O artigo aqui apresentado busca fazer uma análise da obra de ficção científica La invención de Morel do escritor argentino Adolfo Bioy Casares, este gênero literário é bastante incomum na literatura latino-americana o que por si só torna a obra única e bastante interessante. Trazemos uma análise comparativa entre La invención de Morel e a obra de Isaac Asimov, um dos mais populares escritores de ficção científica do mundo, e a articulação de ambas com a política, o avanço tecnológico da humanidade e o conceito aristotélico do homem como animal político. Nosso objetivo é demonstrar como a literatura de ficção científica se relaciona com o contexto político e as questões éticas de sua época.

 

Geana Fernanda de Mesquita da Rosa aborda algumas polêmicas questões a partir de Foucault:

 

O artigo aqui apresentado relaciona as teorias de Michel Foucault ao discurso jurídico, obtendo através dele a origem formadora de cada discurso. Para o autor, a formação discursiva está diretamente ligada ao grupo ao qual o sujeito enunciador pertence, tornado dessa maneira, o discurso validado perante tal grupo. Para complementar a analise foucaultiana, estabelece-se a relação entre os autores clássicos Platão e Aristóteles com a dialética e a retórica, estudos muito usados no campo jurídico e também citados por Foucault em suas análises da formação do discurso. Obter a compreensão desses autores sobre a relação social e a enunciação discursiva é o objetivo deste artigo em cada uma de suas etapas.

 

Bruno Rodrigues Soares Santos a partir da Literatura faz uma análise crítica de Leyla Perrone-Móises:

 

Este artigo visa discutir os diferentes conceitos envolvendo a crítica-escritura, através da uma abordagem feita pela pesquisadora Leyla Perrone-Moisés, levando em consideração também o posicionamento de críticos como Roland Barthes, Maurice Blanchot e Michel Butor.Com o passar dos anos a literatura começou a tomar espaço nas discussões e desde o começo do século XIX o número de escritores fardados a autocrítica cresceu consideravelmente. Objeto de estudos e de autorreflexão, a literatura vem criando novos hábitos, novas tendências e modernizando o que chamamos de recursos narrativos. A denominada crítica-escritura passou a se fundir com o chamado discurso poético, que por sua vez atentam-se ao novo percurso da crítica literária, baseada em uma aproximação com o discurso literário e imergindo em sua estrutura discursiva, tomando o cuidado para não se confundir com o próprio objeto. 

 

Laura Quevedo Pires de Oliveira e Silva nos apresenta um recorte do livro de Danilo Marcondes ao “passear” pela história dos estudos da linguagem:

 

O objetivo desde artigo é mostrar a evolução da linguagem no decorrer da história focando na teoria de Port-Royal, pois esta marca diferenças grandes no começo do estudo sobre a linguagem. 

 

Francisco Grisai Leite da Rosa e Silvane Aparecida de Freitas trazem uma discussão acerca do sujeito em Foucalt

 

O artigo toma por objeto o discurso segundo Michel Foucault e a relação de poder que este estabelece entre o enunciador e o público que irá receber este determinado discurso. Quando Foucault se coloca como analista da posição do sujeito, pressupõe o sujeito em posição de poder para enunciar sobre determinado assunto. Este será o princípio explorado para compreender a teoria foucautiana sobre a posição que o sujeito ocupa dentro da sociedade e a autoridade que este possui para defender determinado assunto. Como componente empoderado para tal enunciador, Foucault defende sua autonomia ou não para se colocar em determinada posição.

 

Fernanda Costa Campos abordas alguns dos aspectos da filosofia da linguagem e seu desenvolvimento histórico:

 

Este trabalho disserta de forma sintética e resumida um compilado de teorias e pensamentos de uma série de filósofos acerca da linguagem e da língua e seus diversos usos e problemáticas, evidenciando as diferenças entre cada um deles, assim como as semelhanças e o processo evolutivo em que a linguagem se foi pensada com o passar dos anos. 

 

Glaucia Regina Santos Domingos faz algumas reflexões sobre a escrita a partir de Benveniste:

 

Na pré-história o sujeito desenhava suas ideias e objetos, maneira de descrever suas emoções e o mundo no qual ele pertencia. As grandes civilizações como Mesopotâmia, Egito, China entre outras sociedades utilizaram a memória da escrita como símbolo para progresso evolutivo. Fato que a escrita foi de extrema importância para humanidade, pois homem teve a necessidade de expressar e registrar a história, os acontecimentos sociais, políticos e culturais das civilizações mais diversas, ele encontrou uma forma de interpretar o mundo, apoderando se da escrita.

 

 

Elaine de Fátima Alves Dutra Arakaki ao analisar as abreviações utilizadas pelos usuários do aplicativo Whatsapp procura

 

abordar algumas das milhares de abreviações lingüísticas no aplicativo Whatsapp, vem demonstrar como a comunicação entre determinados grupos ou tribos tem sido aplicada,  e como essas novas interações são vistas dentro da língua dos falantes ou mesmo da norma culta

 

Wanessa Rodovalho Melo Oliveira e Antonio Carlos Santana de Souza discutem alguns aspectos da obra de Salvador Dali tendo como referência a sociolinguística:

 

Este artigo tem como objetivo a proposição de uma prática pedagógica pautada na interdisciplinaridade entre a Sociolinguística e a Arte, com efetiva utilização na prática da sala de aula. O trabalho pressupõe a transferência de conceitos e metodologia da linguagem e a intersecção com a Arte, no ambiente escolar. Para isso, a prática pedagógica será aplicada a uma turma do 3º ano do ensino médio de uma escola pública, localizada no município de Campo Grande – MS, no decorrente do ano de 2020. A pesquisa resultante dessa proposta metodológica pretende conhecer e detectar a Sociolinguística nos aspectos histórico e social, nas crenças e atitudes linguísticas, presentes nas obras do pintor Surrealista Salvador Dalí.  Como os alunos estudaram a Variação Linguística desde a 6ª série do ensino fundamental, terão a oportunidade de aprofundar este estudo no campo da Sociolinguística explorando o universo artístico do pintor e de sua obra. O desafio, ao final desta pesquisa, será avaliar de que forma a interação com o universo artístico estudado, colegas e professor, imprimiu marcas na linguagem geradas pelas novas situações e conhecimentos a que os alunos foram confrontados, sempre considerando que a Sociolinguística valoriza o falante com as suas crenças, atitudes linguísticas e culturais que o tornam único.

 

Janayne Pereira Oliveira analisa a representatividade feminina nas Histórias em Quadrinhos:

O trabalho tem o intuito de analisar a jornada da heroína Capitã Marvel  na perspectiva teórica de Maurrem Murdock. Nesse sentido o trabalho foi delineado por meio de  abordagem qualitativa e descritiva, utilizando os autores Greimas (2008,2013), Camphbell (2007,2015), Murdock (1990), Simões (2017), Fiorin (2008 ), entre outros que fundamentam o trabalho.

 

 

Enfim, terminamos mais uma edição, boa leitura.

 

 

Alto Araguaia-MT, agosto de 2020.

 

Prof. Me. Ovídio da Conceição Batista

Prof. Dr. Paulo Cesar Tafarello